Tesla muda foco para autonomia diante da crescente pressão da China
NOVA YORK — A Tesla está ajustando sua estratégia global e redirecionando seus investimentos para tecnologias de direção autônoma em meio ao fortalecimento da concorrência chinesa no setor de veículos elétricos. A avaliação foi divulgada pelo banco Morgan Stanley nesta terça-feira em relatório enviado a investidores.
Segundo os analistas, a montadora liderada por Elon Musk estaria se afastando do carro como produto e apostando tudo na autonomia veicular como diferencial competitivo. O movimento ocorre enquanto fabricantes chinesas, como a Xiaomi, avançam com modelos de alto apelo visual, preços acessíveis e tecnologia embarcada de ponta.
O destaque do momento é o Xiaomi YU7, o segundo carro elétrico da empresa. Com design que remete a modelos de luxo como o Ferrari Purosangue e o Aston Martin DBX, o veículo chegará ao mercado com preço comparável ao de um Volkswagen ou de uma versão básica do Tesla Model Y.
O modelo segue o sucesso do SU7, também da Xiaomi, que atingiu 120 mil pré-vendas em apenas 36 horas após seu lançamento. O número acendeu o alerta entre analistas e concorrentes globais. O CEO da Ford, Jim Farley, chegou a afirmar recentemente que será responsabilidade da gestão derrotar o SU7 em uma briga de rua.
O Morgan Stanley estima que o negócio automotivo da Xiaomi possa atingir uma receita de 233 bilhões de yuans, cerca de 32 bilhões de dólares, até 2027, valor similar ao faturamento da Tesla em 2020.
Além disso, o banco afirma que é apenas uma questão de tempo até que os veículos elétricos chineses cheguem em grande escala aos Estados Unidos e outros mercados ocidentais, impulsionados por competitividade técnica e custo-benefício.
Em meio à crescente disputa, o Morgan Stanley reforçou que as expectativas do mercado em relação ao desempenho da Tesla no curto prazo continuam elevadas e que a mudança de foco para a autonomia faz parte de uma visão mais ampla da companhia. Essa visão vai além do carro como produto e mira a transformação do transporte em um serviço inteligente.
A recomendação do banco para as ações da Tesla segue com classificação acima da média, mantendo o preço-alvo de 410 dólares, com base no potencial de longo prazo da tecnologia autônoma.
