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ROMA — A agência de classificação Moody’s revisou a perspectiva de crédito da Itália de estável para positiva, mantendo o rating soberano de longo prazo em Baa3. A decisão reflete o desempenho fiscal melhor do que o esperado em 2024, aliado à estabilidade política e à resiliência econômica do país.
Em 2024, o déficit público italiano foi reduzido para 3,4% do PIB, superando a previsão inicial de 3,8%. Essa melhora decorreu principalmente da contenção de despesas e do robusto crescimento das receitas tributárias, especialmente impostos sobre renda pessoal.
Moody’s destacou ainda a estabilidade política doméstica, que fortalece a capacidade do governo em implementar seu plano fiscal-estrutural de médio prazo. Além disso, a agência ressaltou o forte mercado de trabalho, os balanços saudáveis de famílias e empresas e a solidez do setor bancário como pilares da resiliência econômica da Itália.
As projeções para 2025 e 2026 indicam que o crescimento das receitas acompanhará o PIB nominal, apoiado por um mercado de trabalho dinâmico e aumentos salariais graduais. Por outro lado, as despesas devem crescer moderadamente, impulsionadas pelos investimentos ligados ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência (RRF).
Apesar do cenário positivo, Moody’s alerta para o alto endividamento público, estimado em 138,4% do PIB para 2026 e 2027, resultado de ajustes técnicos e pagamentos relacionados ao superbonus. A partir de 2028, espera-se que superávits primários sustentados iniciem uma tendência de redução gradual da dívida.
A agência reconhece os desafios estruturais da Itália, como o envelhecimento populacional e a deterioração da capacidade de pagamento da dívida, mas destaca a eficaz capacidade institucional e política que garante alta resiliência econômica.
No setor financeiro, os bancos italianos mostram forte capitalização, melhoria na lucratividade e qualidade dos ativos, suportados por programas governamentais como o Garanzia sulla Cartolarizzazione delle Sofferenze (GACS). A liquidez externa do país também melhorou, refletindo maior competitividade dos exportadores italianos.
Moody’s reforça que o compromisso do Banco Central Europeu (BCE) em usar todos os instrumentos para mitigar choques financeiros limita a exposição da Itália a riscos extremos de liquidez.
Por fim, a agência adverte que a falta de avanços nas reformas estruturais ou piora fiscal pode reverter a perspectiva para estável, além de possíveis impactos da guerra na Ucrânia envolvendo países da OTAN.
Essa atualização para perspectiva positiva indica uma visão mais otimista da trajetória fiscal e econômica italiana, reforçando a confiança na capacidade do país em enfrentar desafios e manter sua solvência soberana.
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