Azul lucra alto e busca apoio do governo para crescer
São Paulo — A companhia aérea Azul encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um desempenho financeiro robusto, registrando lucro líquido de R$ 1,65 bilhão. O resultado marca uma virada importante em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a empresa havia reportado prejuízo de R$ 1,05 bilhão. A margem de lucro líquido foi de 30,7%, uma das mais altas do setor global, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.
Mesmo com a forte geração de caixa e avanço operacional, a Azul está em tratativas com o governo federal para viabilizar uma nova linha de crédito com garantias públicas, visando maior flexibilidade na renegociação de dívidas e sustentação da expansão da malha aérea.
Desempenho acima da média
Em dólares, o lucro da companhia alcançou US$ 288 milhões, revertendo o prejuízo de US$ 210 milhões registrado no primeiro trimestre de 2024. O EBIT — indicador que mede o lucro antes de juros e impostos — foi de US$ 257,9 milhões, com margem de 27,45%, resultado superior ao de empresas concorrentes no Brasil e no exterior.
A Azul se destaca por operar mais de 900 voos diários para 160 destinos, sendo a única companhia presente em cerca de 80% das rotas em que atua. Segundo o BTG Pactual, o desempenho da empresa reflete “uma execução operacional eficiente e uma demanda interna resiliente”.
Apoio federal em estudo
O governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, analisa a criação de uma linha de financiamento para o setor aéreo, com uso do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) como mecanismo de cobertura. O programa pode disponibilizar até R$ 2 bilhões e deve contemplar as três principais companhias aéreas do país. No entanto, segundo fontes próximas às negociações, a Azul é o foco prioritário da medida por enfrentar maiores obstáculos na reestruturação de passivos.
A companhia não comentou oficialmente as negociações em curso. Internamente, o discurso da gestão é de foco na rentabilidade, controle de custos e eficiência na operação.
Balanço financeiro
Apesar do lucro contábil, a Azul teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,81 bilhão, quando considerados efeitos não recorrentes como a variação cambial. A dívida bruta da empresa atingiu R$ 34,66 bilhões, um aumento de 42,2% na comparação anual.
O Ebitda — lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — foi de R$ 1,39 bilhão, com margem de 25,7%, refletindo os impactos da desvalorização do real, do aumento dos combustíveis e da inflação operacional.
Projeção positiva
Para o CEO da Azul, John Rodgerson, a empresa está bem posicionada para aproveitar oportunidades no mercado doméstico e internacional. Em comunicado, o executivo celebrou a receita recorde de R$ 5,39 bilhões e destacou o crescimento de 10% no número de passageiros transportados, que chegou a quase 8 milhões no trimestre.
“Vamos manter o foco em otimizar a malha aérea, reduzir a alavancagem e aprimorar a experiência do cliente. Nosso compromisso é com a sustentabilidade do negócio no longo prazo”, afirmou Rodgerson.
A Azul segue monitorando o cenário macroeconômico e aguarda definições do governo sobre eventuais apoios estruturais ao setor aéreo. Enquanto isso, mantém o plano de expansão gradual, com disciplina financeira e foco em rentabilidade.