Investidores aguardam dados e acordos dos EUA no radar
São Paulo, 16 de maio de 2025 – O dólar comercial iniciou a sessão desta sexta-feira com leve alta frente ao real, em meio a um cenário de volatilidade moderada nos mercados globais. A movimentação da moeda reflete a postura cautelosa dos investidores, que monitoram de perto as negociações tarifárias conduzidas pelos Estados Unidos com seus principais parceiros comerciais, ao mesmo tempo em que aguardam novos indicadores macroeconômicos norte-americanos.
Às 9h43, o dólar à vista era cotado a R$ 5,6959 na venda, com avanço de 0,27%. Na semana, a moeda acumula valorização de 0,72%. No mercado futuro, o contrato com vencimento mais próximo registrava alta de 0,25%, sendo negociado a R$ 5,718.
O desempenho do real acompanha o movimento global de baixa volatilidade no mercado cambial. O índice do dólar, que mede o desempenho da divisa americana frente a uma cesta de seis moedas fortes, operava em leve alta de 0,04%, a 100,810 pontos. A moeda dos EUA também apresentava variações modestas frente a divisas emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
Cenário externo: tarifas e expectativa por cortes de juros
Apesar de sinais de avanço em acordos comerciais com Reino Unido e China, analistas permanecem atentos aos desdobramentos da política tarifária norte-americana. Ainda há incertezas quanto aos impactos de longo prazo da postura adotada pelo governo dos EUA, especialmente em relação à China, no contexto de uma guerra comercial prolongada.
“Ainda que o governo norte-americano tenha dado sinais de moderação, o mercado permanece sensível a qualquer ruído nas tratativas entre EUA e China. A percepção de risco global segue elevada diante de possíveis repercussões sobre o crescimento mundial”, afirma Marcio Riauba, head da mesa de câmbio do StoneX Banco.
Outro fator de atenção dos agentes econômicos é a divulgação de novos dados macroeconômicos nos Estados Unidos. O destaque desta sexta-feira é o índice de confiança do consumidor, que será divulgado às 11h. Ao longo da semana, números mais fracos de inflação e vendas no varejo reforçaram as expectativas de que o Federal Reserve poderá adotar uma postura mais branda na condução da política monetária ainda neste ano.
Atualmente, o mercado já precifica uma redução de 56 pontos-base nos juros norte-americanos até dezembro, com probabilidade elevada de início do ciclo de cortes em setembro.
Foco fiscal permanece no radar doméstico
No cenário interno, o foco dos investidores permanece ancorado no ambiente externo, mas questões fiscais voltaram ao centro do debate. Especulações sobre medidas de estímulo político-econômico por parte do governo federal, incluindo um possível reajuste do programa Bolsa Família em 2026, geraram instabilidade na véspera.
Apesar do aumento momentâneo da pressão sobre o câmbio, o movimento foi parcialmente revertido após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negar qualquer planejamento nesse sentido. Segundo Haddad, a equipe econômica estuda apenas ajustes pontuais com o objetivo de garantir o cumprimento da meta fiscal vigente.
O dólar à vista encerrou o pregão anterior em alta de 0,84%, cotado a R$ 5,6803, refletindo a sensibilidade do mercado a rumores envolvendo o equilíbrio fiscal do país.