Gostou do artigo? Compartilhe com seus amigos
A S&P rebaixou o rating da Braskem para ‘BB’, citando fraca geração de caixa e cenário de mercado desafiador, com perspectiva negativa para 2025.
Rio de Janeiro – A agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixou nesta terça-feira (27) a nota de crédito da Braskem (BVMF:BRKM5) de ‘BB+’ para ‘BB’, com perspectiva negativa. A decisão reflete a persistente fragilidade na geração de caixa operacional da petroquímica, que tem enfrentado dificuldades para recuperar suas métricas financeiras em meio a um ambiente setorial desafiador.
Segundo o relatório da agência, os resultados recentes da Braskem mostraram baixo desempenho em termos de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), além de uma alavancagem elevada. A S&P projeta que a relação dívida líquida/Ebitda da companhia deve se manter próxima de 6 vezes até o final de 2025, patamar considerado crítico para a manutenção de ratings em níveis superiores.
“As condições de mercado seguem fracas e prolongadas, o que deve continuar pressionando as métricas de crédito da empresa, mesmo com ações internas de ajuste de custos”, afirmou a agência.
Cenário externo pressiona margens
A avaliação da S&P considera ainda um contexto macroeconômico global incerto, marcado por crescimento limitado da demanda por petroquímicos e ampliação da capacidade produtiva no setor. Mesmo com medidas como tarifas de importação mais elevadas no Brasil, que favorecem a competitividade interna da Braskem, os analistas apontam que a recuperação será lenta.
“Mesmo assumindo maiores volumes de vendas, a rentabilidade segue comprometida e os riscos permanecem elevados”, destacou o relatório.
Perspectiva negativa e horizonte limitado
A perspectiva negativa atribuída ao rating da companhia indica que novos rebaixamentos não estão descartados, caso a Braskem não consiga melhorar seus indicadores de crédito em linha com as projeções revisadas. Para 2026, a agência projeta uma possível redução da alavancagem para cerca de 5 vezes, mas essa estimativa depende de uma recuperação gradual dos spreads petroquímicos e de esforços contínuos de gestão de custos por parte da empresa.
Riscos e posicionamento estratégico
Em meio à deterioração do rating, a Braskem enfrenta desafios adicionais como litígios ambientais, volatilidade cambial e dependência de fatores exógenos para retomada do crescimento. A companhia tem adotado medidas de ajuste e otimização operacional, mas o cenário adverso global impõe restrições à melhora de curto prazo.
O rebaixamento reforça a necessidade de monitoramento constante por parte de investidores e analistas quanto à capacidade da empresa em recompor seu desempenho financeiro e sustentar um perfil de crédito mais sólido.
Análise de mercado

O rebaixamento do rating da Braskem pela S&P sinaliza um alerta claro ao mercado quanto à sustentabilidade financeira da empresa em um ciclo de baixa. Investidores institucionais tendem a rever posições em ativos com grau especulativo, o que pode gerar pressão vendedora e aumentar o custo de captação da companhia.
O setor petroquímico enfrenta um cenário global de excesso de oferta e crescimento limitado da demanda, o que comprime margens e dificulta a recuperação operacional. A Braskem, fortemente exposta ao mercado internacional, sofre os efeitos diretos dessa dinâmica, que deve persistir ao menos até o fim de 2025.
A alavancagem elevada, próxima de seis vezes o Ebitda, compromete a flexibilidade financeira da companhia, limitando investimentos estratégicos e a capacidade de absorver choques. Em ambientes macroeconômicos instáveis, empresas com perfil de dívida pressionado enfrentam maior risco de downgrade adicional, afetando a confiança de investidores e credores.
Apesar das dificuldades, a Braskem possui ativos estratégicos e presença relevante na América Latina, o que ainda confere valor à empresa no longo prazo. No entanto, será necessário um esforço contínuo de reestruturação financeira, ganho de eficiência e adaptação ao novo ciclo de preços para reconquistar estabilidade no mercado.
Autor
Gostou do artigo? Compartilhe com seus amigos