Lucro do Banco do Brasil recua 20,7% e instituição suspende projeções para 2025
SÃO PAULO — O Banco do Brasil (BVMF: BBAS3) iniciou 2025 com um desempenho aquém das expectativas do mercado. A instituição registrou lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões no primeiro trimestre, o que representa uma queda de 20,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado veio abaixo da estimativa média de analistas consultados pela Reuters, que projetavam um lucro de R$ 9,23 bilhões.
A deterioração da carteira de crédito no segmento do agronegócio e os impactos da nova resolução contábil do Conselho Monetário Nacional (CMN) — a 4.966/21 — levaram o banco a suspender parte das projeções financeiras anteriormente divulgadas para o exercício. A decisão inclui a revisão de margens financeiras, custo de crédito e lucro líquido ajustado.
“Diante das incertezas associadas ao novo cenário regulatório e à inadimplência do agro, o Banco do Brasil optou por colocar determinadas projeções sob revisão, até que seja possível avaliar com maior precisão os impactos envolvidos”, informou a instituição em comunicado oficial.
A Resolução 4.966/21, em vigor desde janeiro, impõe mudanças estruturais nos critérios de provisão para perdas com risco de crédito e na forma como os ativos financeiros são contabilizados. O novo modelo afetou especialmente instituições com exposição relevante ao crédito agrícola — caso do BB.
A margem financeira bruta caiu 7,2% no comparativo anual, encerrando o trimestre em R$ 23,9 bilhões. Enquanto a margem com clientes se manteve praticamente estável (+0,3%), a margem com o mercado recuou expressivos 34,9%. Já o custo do crédito aumentou 18,9%, alcançando R$ 10,15 bilhões, pressionado principalmente por provisões mais robustas relacionadas ao agronegócio.
Mesmo com a projeção de safra recorde em 2025, o banco lida com um passivo de operações da safra 2023/2024, marcado por casos de recuperação judicial no setor. A inadimplência na carteira do agro subiu de 2,45% no 4º trimestre de 2024 para 3,04% no fechamento de março. Um ano antes, o índice era de 1,19%.
No consolidado da carteira de crédito, o BB reportou saldo de R$ 1,28 trilhão no final de março — avanço de 14,4% em 12 meses. O crescimento foi impulsionado pelos segmentos de pessoa jurídica (+22,4%), pessoa física (+6,6%) e agronegócio (+9%). A inadimplência geral acima de 90 dias aumentou para 3,86%, frente a 2,90% em março de 2024.
Outros indicadores também sofreram deterioração. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 16,7%, frente aos 21,7% do mesmo período do ano anterior. A receita com serviços permaneceu praticamente estável, em R$ 8,4 bilhões, enquanto o índice de eficiência operacional piorou levemente, passando de 25,9% para 26,5%.
Na estrutura de capital, o índice de Basileia recuou para 14,14%, de 15,13% um ano antes. O capital principal cedeu para 10,97%.
Apesar do ambiente desafiador, o banco manteve as projeções de crescimento para sua carteira de crédito total em 2025, com estimativa de expansão entre 5,5% e 9,5%. Também permanecem inalteradas as expectativas para receitas de serviços e despesas administrativas.