Alcon decepciona no 1º trimestre, revê projeções e ações desabam
Zurique – 14/05/2025 – A Alcon AG, uma das principais empresas globais de oftalmologia, reportou desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2025, levando a uma revisão negativa de suas projeções financeiras para o restante do ano. A notícia repercutiu negativamente no mercado, com as ações da companhia registrando queda superior a 8% na Bolsa de Zurique.
A companhia suíça anunciou receita líquida de US$ 2,45 bilhões no período, um crescimento modesto de 0,3% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O desempenho, no entanto, ficou aquém das projeções de mercado, que esperavam faturamento próximo de US$ 2,51 bilhões. Em termos ajustados por moeda, o crescimento foi de 2,6%.
A divisão de Cirurgia, responsável por cerca de 54% da receita total, teve retração de 0,5%, somando US$ 1,33 bilhão. Mesmo excluindo os efeitos cambiais, o avanço foi limitado a 2,5%, abaixo da expectativa dos analistas. Quedas nos segmentos de Implantáveis (-3%) e Equipamentos (-9,1%) comprometeram o desempenho da área, apesar do crescimento de 3,8% em consumíveis.
A divisão de Cuidados com a Visão também não atingiu o desempenho esperado, com receita de US$ 1,12 bilhão – avanço de 1,3% na base anual, ou 3,3% em moeda constante. Lentes de contato cresceram 2,5%, puxadas por produtos multifocais e tóricos, enquanto a área de Saúde Ocular apresentou retração de 0,7%.
O lucro por ação ajustado (core EPS) foi de US$ 0,73, abaixo da projeção média do mercado de US$ 0,75. A empresa atribuiu parte do impacto negativo a uma diluição de US$ 0,03 por ação, relacionada à aquisição da Aurion Biotech.
Com base nos resultados, a Alcon revisou para baixo sua projeção de lucro por ação para 2025, que agora varia entre US$ 3,05 e US$ 3,15 — contra a estimativa anterior de US$ 3,15 a US$ 3,25. A previsão de margem operacional core também foi ajustada, passando de 21%-22% para 20%-21%.
Apesar da revisão nas margens, a Alcon elevou ligeiramente sua estimativa de receita total para 2025, projetando entre US$ 10,4 bilhões e US$ 10,5 bilhões, impulsionada por efeitos cambiais favoráveis. Ainda assim, a companhia reduziu sua expectativa de crescimento em moeda constante, agora estimada em 6%-7%, ante previsão anterior de 6%-8%.
A empresa afirmou que o impacto estimado de US$ 80 milhões referente a tarifas será compensado por medidas operacionais e ajustes cambiais. A plataforma Unity, destacada como peça estratégica para crescimento futuro, deve ter impacto mais relevante apenas no segundo semestre.
O desempenho do trimestre reforça os desafios enfrentados pela Alcon diante de um ambiente de mercado mais competitivo e da desaceleração de segmentos estratégicos. Analistas seguem atentos à execução das estratégias de médio prazo e à efetividade das ações corretivas anunciadas pela companhia.
